Dentro do recorte que aborda momentos de São Paulo a partir de camadas históricas da Praça da Sé, o concerto realizado por Fernandinho Beat Box e o Quarteto Violazzo teve como inspiração o Palacete Santa Helena que ficava à esquerda da Catedral da Sé.

Com as obras de transformação do Largo da Sé em Praça da Sé (no início do século XX), além da nova Catedral outros edifícios começaram a surgir no espaço. Após a inauguração da Cripta, em 1919, destacou-se a construção do palacete.

Inaugurado em 1925, em pouco tempo o Santa Helena tornou-se um dos pontos mais importantes para a população e a cultura da cidade de São Paulo. Além de escritórios diversos, abrigava associações de trabalhadores e um proeminente grupo de artistas. Na sala 231 do edifício trabalharam os pintores Francisco Rebolo, Alfredo Volpi, Mário Zanini, Clóvis Graciano e Aldo Bonadei, entre outros. De origem imigrante, tornaram-se alguns dos maiores nomes das artes plásticas brasileira e passaram a ser conhecidos como Grupo Santa Helena.

Entre os frequentadores do palacete Santa Helena também estava Oswald de Andrade que, sobre a configuração da nova Praça da Sé, escreveu: “O Largo da Sé é sem perigo de contestação o ponto de conjunção das Ruas XV de Novembro e Direita que também são, sem perigo de contestação, as principais de São Paulo. De modo que as pessoas que querem fazer o célebre triângulo, seja por negócios ou business ou para o simples e civilizado footing, passam fatalmente no Largo da Sé. Quando um estrangeiro saudoso regressa à pátria e procura o Largo da Sé, encontra em seu lugar a Praça da Sé. Mas é a mesma coisa”. Além de também abrigar cafés em sua parte térrea, o Santa Helena inaugurou uma sala de cinema e um importante cine-teatro, tido então como o mais luxuoso de São Paulo. A cidade crescia de forma acelerada. Bondes elétricos e automóveis passavam a ocupar suas ruas. Década após década, o centro foi mudando de cara. Até que, em 1971, para a construção da Estação Sé do Metrô, o Palacete Santa Helena foi demolido.